Classificar assessor de imprensa como jornalista é um assunto muito polêmico na comunicação social. Sobre o tema, há diversos pontos de vistas que alimentam à discussão historicamente. Afinal de contas, essa classificação está correta?
Antes de se aprofundar em qualquer questão acerca da polêmica, é importante enfatizar um ponto relevante. Atualmente, não existe nenhuma lei em vigor que traga a resposta definitiva sobre o tema.
A Federação de Jornalistas promoveu, em 2018, uma campanha junto aos sindicatos da categoria. Na ocasião, os órgãos defendiam: “assessor de imprensa é jornalista”. O objetivo era garantir ao profissional de AI a jornada especial de trabalho, assim como os colegas de redação.
Porém, em junho deste ano, ao contrário do propósito da campanha promovida pela Fenaj, a 4ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho julgou improcedente a pretensão de um jornalista fora do ramo usufruir da carga horário destinada à profissão de jornalista.
Relação entre jornalista de redação e assessor de imprensa
Levando em consideração o mercado de trabalho, nota-se a similaridade na rotina de ambos os nichos. Por exemplo, o assessor de imprensa, assim como jornalista de redação, cumpre o trabalho de apurar informações diariamente (mesmo que juntos a clientes). Além de produzirem conteúdos relevantes para divulgação constantemente. Nos bastidores, aliás, muito assessor de imprensa reclama (quase sempre com razão) dos profissionais do “outro lado do balcão” que simplesmente “copiam e colam” os materiais enviados.
As semelhanças entre as ocupações está ligada diretamente ao processo de produção. E não para por aí. No meio acadêmico, a situação é praticamente a mesma enfrentada no dia a dia do mercado de trabalho.Muitas faculdades e universidades espalhadas Brasil afora considera — oficialmente — as atividades de assessoria de imprensa como parte do jornalismo.
Ao analisar a grade dos cursos de graduação em jornalismo, vemos que há ao menos um módulo destinado completamente ao aprendizado sobre a área de assessoria de imprensa. É o caso de faculdades que são vistas como referência, inclusive ocupando as primeiras posições da última edição do Ranking Universitário da Folha. Sãos os casos de Cásper Líbero, Metodista, ESPM e PUC-SP.
- “Assessoria de Imprensa e Comunicação Corporativa”. Disciplina no segundo ano do curso de jornalismo da Cásper Líbero.
- “Assessoria de Comunicação”. Módulo presente no terceiro período da graduação jornalística da Metodista.
- “Relacionamento com a mídia e influenciadores digitais (assessoria de imprensa)”. É uma das aulas previstas na matriz curricular de jornalismo da ESPM.
- “Comunicação Institucional em Jornalismo”. Disciplina compõe a grade do segundo semestre do curso de jornalismo da PUC-SP.
O fato de aulas sobre assessoria de imprensa estarem presentes em graduações de jornalismo foi mencionado por Anderson Scardoelli, editor sênior do Comunique-se. Em vídeo, ele fala do assunto:
Principais diferenças entre as áreas
A principal diferença entre as profissões está no objetivo final de cada ação. A missão do jornalista de redação é atender à sociedade com notícias consideradas de interesse público. Por outro lado, o assessor de imprensa presta serviços diretamente para uma empresa, marca ou personalidade — e acaba por atuar como sua representante, sua porta-voz.
Relacionamento entre as profissões
Apesar dos pesares, a relação entre jornalista de redação e assessor de imprensa ocorre diariamente. Em muitos casos, inclusive, o relacionamento é próximo e sadio. Se bem executado, a prática pode render resultados expressivos em via de mão dupla.
O jornalista de redação, na busca diária pela notícia, encontra no assessor de imprensa um contato relevante. Além do acesso direto à informações pertinentes, tem facilidade para conversar com uma determinada fonte importante.
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O assessor de imprensa, por sua vez, tem o release publicado e garante a visibilidade na mídia de seu assessorado. Garantindo sua função de trabalhar a imagem da empresa diante da imprensa.
A opinião dos jornalistas que atuam em redações
É um tema que historicamente sempre gerou divergências, principalmente entre os jornalistas que atuam em redação. Há quem diga que sim, há quem diga que não. A questão é que, recentemente, a maioria enxerga os profissionais de assessoria de imprensa como jornalistas. No final de 2020, o Portal Comunique-se realizou uma pesquisa para compreender a visão dos jornalistas de redação com relação aos assessores. Entre as questões, que abordavam o relacionamento entre as funções, havia uma alternativa que focava justamente neste tema.
Para 74,8% dos jornalistas que participaram do levantamento a atividade de assessoria de imprensa é jornalística. Do outro lado, apenas 8,3% dos respondentes afirmam que não. O restante ficou em cima do muro com o “talvez”. Confira, abaixo, na imagem.
Para acessar a pesquisa, “Assessores de imprensa na visão dos jornalistas de redação”, basta clicar aqui.
A opinião dos próprios assessores de imprensa
Já do ‘outro lado do balcão’, a percepção é mesma. Os assessores de imprensa enxergam tal atividade como uma “tarefa” jornalística. Após o estudo que tinha como propósito compreender a visão dos jornalistas de redação, o Comunique-se realizou uma pesquisa inversa. Dessa vez, considerando as percepções dos profissionais de assessoria de imprensa.
Uma das questões do estudo abordava o mesmo tema. Questionados sobre “atuação do assessor de imprensa é um trabalho jornalístico?”, 91,2% dos respondentes afirmaram que sim, é uma atividade jornalística. Mostrando que o mercado em si, enxerga dessa forma. Abaixo, confira o dado. Para acessar a pesquisa, “Jornalistas de redação na visão dos assessores de imprensa, basta clicar aqui.
Sobre a formação dos assessores de imprensa
A mesma pesquisa que ouviu os assessores de imprensa, fez um mapeamento no perfil dos respondentes. Com relação a formação acadêmica, fica evidente que a maioria dos profissionais de assessoria de imprensa é formado em jornalismo, com 88,5%. Na sequência, relações públicas foi o que mais apareceu com apenas 4,2%. Confira, abaixo, os dados completo.
Conclusão
Na prática, podemos afirmar que sim. O assessor de imprensa é jornalista. Desde o processo de produção dos releases, que contempla o processo de apuração de informações e a produção textual até mesmo a sua formação acadêmica.
Este texto foi publicado oficialmente no dia 24 de Setembro de 2019 e vem sendo, desde então, atualizado constantemente.
Até hoje não consegui entender a tentativa de se desqualificar o profissional que atua na assessoria de imprensa como não jornalista. Trata-se de uma discussão, no mínimo, pueril. Atuo no segmento de assessoria há um quarto de século, no âmbito público e privado, e o trabalho que produzo é jornalismo puro. Se não fosse, por que os colegas que estão nas redações divulgariam meus releases?
Valeu, Anderson. Concordo. Aliás, nem sei como surgiu essa discussão. É claro que assessor de imprensa é jornalista. E tem espaço para todo mundo no mercado, não precisa atacar o coleguinha só porque ele trabalha para empresa X. E como você bem lembrou, muitas vezes os assessores “salvam” a pauta da galera de redação. Um abraço.
Prezado, apesar da antiga discussão controversa sobre esse assunto, vejo a resposta da seguinte forma: para um profissional ser assessor de imprensa, ele necessariamente deve ser formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo.
Porque, em tese, um publicitário ou RP não pode exercer a atividade. Somente um jornalista.
Abraço!
A proposição deste tipo de debate é um dos motivos que levam ao equívoco e a este tipo de debate que, do jeito que é apresentado, mais confunde do que esclarece. O que faz um jornalista? Produz notícias que são publicadas/exibidas/postadas/etc em algum veículo de imprensa – jornal, site, rádio, TV, revista, etc….. É isso que o assessor de imprensa faz? Não. Portanto, não é o caso de ser rotulado como jornalista. Eu fui repórter de diversos veículos de imprensa no Rio de Janeiro. Agora, atuo como assessor de imprensa, com muita dedicação e a certeza de que colaboro de forma clara para que meu cliente se faça presente nos canais de imprensa da forma mais estratégica possível e tirando dúvidas dos repórteres que nos chegam de diversas maneiras – via e-mail, ligações, whatsapp, facebook. O que isto significa? Que eu tenho a oportunidade de empregar a técnica jornalística no desenvolvimento de meu trabalho como assessor de imprensa. É uma vantagem? Sem dúvida que é. Os clientes, as empresas, personalidades, etc, todos que têm interesse em ter uma assessoria de imprensa para trabalhar a sua imagem acabam preferindo, naturalmente, contratar alguém formado em jornalismo para auxiliar nesta função. Ser jornalista ajuda a ser um bom assessor de imprensa? Sim. Ter sido repórter ajuda a ser um bom assessor de imprensa? Muito. Existem bons assessores de imprensa que não foram repórteres? Sim. Assessor de imprensa necessariamente deve ser chamado de jornalista? Penso que não. E isto não deveria ser considerado ofensivo ou menor. Eu hoje sou assessor de imprensa. Se eu voltar a trabalhar em veículos de imprensa, escrevendo reportagens, fazendo matérias para rádio ou TV, voltarei a ser um repórter de fato. E repórter, por aqui, é sinônimo de jornalista. E vamos em frente buscando uma especialização para trabalhar cada vez mais as notícias com o máximo de qualidade. Seja você um assessor de imprensa ou um jornalista. Não importa. O principal deveria ser trabalhar uma informação qualificada e relevante para o público. Esse é ponto.
“O que faz um jornalista? Produz notícias que são publicadas/exibidas/postadas/etc em algum veículo de imprensa – jornal, site, rádio, TV, revista, etc….. É isso que o assessor de imprensa faz?” Sim. Algumas vezes, os veículos de imprensa só incluem a assinatura no release do assessor. Ou nem isso. As redações estão cada vez mais dependentes do jornalistas que trabalham com assessoria.
Nossa, essa discussão existe desde o nascimento da profissão de Relações Públicas, mas, depois de estar por tanto tempo dos dois lados do balcão, noto coisas bem interessantes. Não, necessariamente, o assessor de imprensa precisa ser jornalista, mas se o for melhor é, até porque essa profissão foi uma invenção brasileira. Hoje, vejo que o assessor já enxerga seu papel de forma bem definida e os jornalistas de redação também. Um ou outro profissional tateia um pouco, tratando assessor como cachorro – no caso dos jornalistas de redação – ou tentando forçar a barra na venda de uma pauta ou, pior ainda, sendo invasivo demais na abordagem do jornalista, no caso do assessor. O que eu vejo de verdade é uma só: é muito mais fácil desenrolar uma pauta (ou criar uma) quando há uma assessoria com jornalista qualificado para intermediar aquele assunto. Fato! Já fiz centenas de matérias como repórter e editor e assessorei a dezenas de empresas. Essa é a conclusão a qual cheguei. Basta cada um respeitar seu colega de profissão.
Sempre me perguntei que tipo de profissional poderia ser classificado como jornalista. Na minha modesta concepção, jornalista deve ter função intelectual-criativa dentro do órgão de imprensa onde trabalha. Para mim, jornalista é aquele que escreve um texto ( eu disse, escreve, e não transcreve ) um texto de sua autoria com regularidade, pelo menos uma vez por semana. Esse texto deve ter a característica de autoria própria. Tenho notado no jornal impresso local da minha cidade textos que já tinham sido escritos em outros órgãos de imprensa sem qualquer vínculo com o jornal. Isso não é plágio ? Vejo pessoas intitulando-se jornalistas porque concluíram uma faculdade de jornalismo e conseguiram emprego num jornal, emissora de rádio ou TV. Poucas vezes escreveram um texto de vinte linhas de sua autoria. O resto é só saber as funções do COLAR-COPIAR-ENVIAR. Um formado em direito não é advogado até que comece de fato a terçar luvas nos tribunais. Idem com o formado em engenharia, muitas vezes estressado com os cálculos e planilhas. Isso sem falar que o jornalista deve revestir-se de isenção ao expor seus pontos de vista, principalmente na área política. Não pega bem UMA JORNALISTA famosa, de um importante órgão de imprensa, ser PSDB desde a criação do partido, falar só bem do FHC, GERALDO ALCKMIN e dos deputados dessa agremiação política. E na internet, então ? Fontes ( ?? ) diferentes usam os mesmíssimos textos sobre um determinado assunto, até com os mesmos erros de gramática e conjugação verbal. Li várias inserções sobre o caso Sacco e Vanzetti, rumoroso caso de presumível erro judicial que abalou os Estados Unidos na década de 1920. Quase todos trazem o mesmo erro crasso: dizem que o Papa Pio IX pediu clemência para os dois italianos, em 1927. Acontece que o Papa Pio IX ( Pio nono ) morreu DEZ ANOS antes do nascimento do mais velhos dos dois anarquistas. Morreu em 1878, e Vanzetti nasceu em 1888. Na verdade o Papa que fez apenas um comentário sobre o assunto em 1926 ou 1927 foi Pio XI. Então uma pequena confusão com os algarismos romanos, mas que não foi diagnosticada por nenhum dos ” jornalistas ” ” autores ” dos textos. Agora, classificar como jornalista em assessor de imprensa que repassa aos órgãos de imprensa a agenda dos vereadores ou do prefeito, é antes de mais nada uma ofensa grave aos verdadeiros representantes da classe.